Às vezes buscamos respostas às
perguntas da vida, às questões primordiais. Quem somos? Por que estamos no
mundo? Qual nosso propósito neste planeta que nomeamos Terra? E tais
questionamentos nos levam a outros. Por que levantar de nossas camas
diariamente e enfrentar o mundo se muitas vezes não o queremos? Por que
continuar a rotina louca que nos deixa estressados e muitas vezes a ponto de
estourar nossas próprias cabeças? Por que não gritar ante a tudo que nos impele
a tal ato? A verdade é que a algo que nos impede e nos mantém presos. Um
instinto que nos diz que não é certo fazê-lo. Mas este é mesmo um instinto, ou
tão somente nossa cultura ditando o certo e o errado? Ora, o instinto nos manda
o contrário, pede que nos libertemos, que demos vazão aos gritos que nossa alma
almeja colocar pra fora do peito. É certo que não é o grito a que me refiro,
mas sim a que, mesmo que não sempre, deixemos que os brados saiam, ainda que
silenciosos em sua forma, e que a rotina seja quebrada, seja transposta. A
resposta às questões iniciais certamente não está na rotina diária, talvez
esteja mais próxima a nossos instintos, a essas premências de nossa natureza
humana. Certo também é que tal resposta não se limita a nossa compreensão
limitada do que seja uma resposta, como um conceito que nos é apresentado. A
vida ainda é mistério que nos surpreende diariamente. Talvez nem sequer haja
uma resposta tal qual nossa visão humana queira encontrar. A rotina faz parte
de nós nessa busca, é uma resposta. São rituais aos quais nos submetemos e
acostumamos esperando que seja o certo a fazer. Talvez até seja, quem sou ou é
qualquer um de nós, meros recipientes de uma alma inquieta, para dizer o que é
certo ou errado. Ainda assim, tal rotina deve ser rotineiramente quebrada,
transposta, pra dar vazão aos anseios daquela mesma alma inquieta a qual me
referia. Por fim deixo aos caros e pacientes leitores que me acompanharam até
aqui um último conselho. Deixem sair de suas gargantas um grito, um brado de lamurio,
de angustia, de raiva, de alegria qual seja o sentimento que inunda tua alma
neste momento. Usem o grito como um sinal, como um meio de libertação da rotina
costumeira. Talvez esteja aí o início daquela resposta que almejas.